Diálogo entre a minha filha e uma pessoa nossa conhecida, há uns dias atrás:
- Tens de estudar muito para ires para a faculdade.
- Mas eu não sei se quero ir para a faculdade.
- Tens de ir senão não arranjas nenhum emprego de jeito. O que queres ser?
- Doméstica, como a minha mãe.
- Credo, que horror! Essa é a pior coisa que se pode ser. A tua mãe é doméstica, coitada, e eu também já fui, mas não queiras isso para a tua vida. É horrível ter que passar os dias a lavar, limpar, cozinhar, engomar. É um trabalho que nunca está feito e que é horrível.
Tanto a minha filha como eu nos remetemos ao silêncio. Há alturas em que não me apetece embarcar neste tipo de discussão pela milésima vez mas, por outro lado, talvez tenha sido mais uma oportunidade que desperdicei. Poderia ter falado do amor de Deus que faz toda a diferença na vida, e também na vida de uma mulher que está em casa. Poderia ter falado daquilo que a Bíblia diz sobre o papel da mulher. Ou poderia tão simplesmente ter falado da minha experiência pessoal e da alegria que sinto em poder cuidar diariamente da minha família e do meu lar. E de como cada tarefa, por mais rotineira que seja, se torna aprazível por ser feita com amor.
Não é fácil tentar passar os valores em que acredito à minha filha, quando tudo à volta dela a leva por outros caminhos. Mas a sua vida está nas mãos de Deus e isso tranquiliza-me.
Quando, já em casa, conversei com a minha filha sobre o assunto, ela disse-me apenas: «Mãe, não te preocupes. Eu não acredito em nada daquilo que aquela senhora disse».