sábado, 12 de março de 2011

Reflexões

Há alguns anos atrás, eu e a minha mãe visitámos a Índia e, na altura, conversámos com um senhor que, entre muitas outras coisas, nos contou a sua primeira viagem à Europa. Quando lhe perguntámos o que tinha sentido ao visitar o nosso velho continente, falou dos monumentos, das paisagens bonitas, de comidas diferentes, mas aquilo que mais o tinha marcado, e de forma negativa, fora o facto de ser comum termos as nossas crianças em infantários desde muito pequeninas, e de termos uma grande parte dos nossos idosos a viver sozinhos ou em lares.

Passados todos estes anos, lembro-me muitas vezes das palavras daquele homem. Na altura, pensava seguir este caminho que se tornou a norma na nossa sociedade, embora no meu coração sempre tivesse tido vontade de fazer as coisas de forma diferente. E, pela graça de Deus, isso foi sendo, e continua a ser, possível.

Actualmente, cuido de uma avó em situação de quase total dependência. À minha volta, muito tem sido falado sobre este assunto. Espanto, críticas, pena, outros a verem-me quase como uma Madre Teresa de Calcutá. Mas eu creio que esta situação não deveria causar nenhuma dessas reacções e deveria ser a norma, especialmente entre os crentes. Não julgo quem faz as coisas de forma diferente. Não tenho esse direito e também sei que há muitas pessoas que gostariam de o fazer mas cujas circunstâncias da vida não o permitem.

A Bíblia fala claramente, e muitas vezes, de amor ao próximo, de serviço, de morrermos para o nosso eu e de cuidarmos dos outros. Então, por que razão continuamos a pensar que não deve ser assim e que temos de procurar em primeiro lugar o nosso conforto, o nosso prazer, a nossa felicidade?

Se eu preferia fazer aquilo que me apetece em vez de estar «presa» a alguém que precisa de mim na maioria das 24 horas do dia? Sou humana, claro que preferia. Mas fazer a vontade de Deus enche-me de alegria, de forças e de amor pelo meu próximo. E o «nosso próximo mais próximo» está normalmente dentro de casa connosco. É importante visitarmos os doentes e os presos, é importante servirmos os outros na nossa comunidade ou em qualquer outra para onde Deus nos leve, mas se não formos capazes de amar e servir aqueles que estão ao nosso lado, de que serve?

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